sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Sem censura

Dizem por ai que censura é uma coisa muito chata, que aconteceu na época do regime militar, num período de ditadura, e blá blá blá... Dizem também que hoje vivemos tempos de liberdade de expressão, e que todos podem manifestar suas opiniões, nos diferentes meios de comunicação que estão disponíveis.
É verdade que tem muita gente dizendo muita coisa. Coisas boas e coisas ruins, coisas inúteis e coisas úteis. E também dizem verdades e mentiras.
Em abril deste ano o Supremo Tribunal da Federal (STF) derrubou a obrigatoriedade do diploma de jornalismo para o exercício da profissão. A decisão, segundo o Ministro Gilmar Mendes, é baseada na liberdade de expressão, que é direito de TODO cidadão (verdade ou mentira, minha gente?).
Então, até aqui esta tudo indo bem, a Lei da Imprensa parece justa, legitima, e apesar de desvalorizar os meus 4 anos de estudos na faculdade de jornalismo, eu concordo que com os adventos tecnológicos, as mídias sociais, e todas as parafernálias comunicativas que existem hoje no mundo, é difícil manter a porteira fechada. Dou o braço a torcer, me dedico para ser uma boa profissional, e agradeço a colaboração dos que estão por ai nos ajudando a noticiar fatos relevantes que sejam de interesse social.
Agora, prestem bastante atenção! A verdade é que a situação ficou mais delicada para os leitores. Precisamos estar atentos ao que estamos lendo, e precisamos mais do que nunca de senso critico e discernimento para uma boa interpretação. O que eu quero dizer é que não podemos deixar que eles nos passem a perna, entendem?
O que está acontecendo com a gente é o seguinte: a Justiça levantou a bandeira da liberdade de expressão e agora não quer mais soltar. E liberdade, até onde eu sei, não tem amarras.
Estou falando isso por conta de uma matéria que li no Estadão. Vejam só isso: “Há 91 dias o desembargador Dácio Vieira, do Tribunal de Justiça (TJ) do Distrito Federal, censurou o jornal (Estado de S. Paulo), proibindo a publicação de reportagem sobre a Operação Boi Barrica, da Polícia Federal, que investigou o empresário Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP)”.
Vocês sabiam que isso acontece diariamente nas redações dos jornais? Nós, jornalistas, somos diariamente censurados pelos editores, pelo editor chefe, pelo dono do jornal e pelo dono do dono.
A verdade é que mesmo em tempos de liberdade de expressão, as noticias são selecionadas de acordo com interesses da empresa, do empresário, do ministro, do senador, e por ai vai. Não sei de nenhum grande jornal que não tenha o rabo preso com grandes empresários, e nem grandes empresários que não tenham o rabo preso com a politicagem. Vocês concordam?
Pois é no meio dessa “camaradagem política” que as matérias jornalísticas são aprovadas, ou não. E vão para a mídia, ou não. E assim, as matérias de relevância social chegam, ou não, ao nosso conhecimento.
Então, vamos usar essa ferramenta aqui, a internet (emails, redes sociais, blogs e etc), de maneira inteligente, aproveitando o espaço que temos para divulgar coisas que merecem e precisam ser divulgadas.
E percebam: o Excelentíssimo Senho Presidente do Senado Federal parece estar metido em mais uma encrenca com a Policia Federal...