ABC porteño

Alguém ai pode imaginar como é engRaçado o meu pRocesso pRa começar a hablar espanhõl? Eu tenho a língua pResa gente, e pRa mim é muito complicado falar todos esses érrês que eles usam poRaqui.

PReciso voltar a fazer os exercícios que a fono recomendou, senão eu tô lascada.

- Meu marido é um rapaz muito compreensivo, atencioso, e artista. Então, escreveu uma divertida paródia do Luis Gonzaga, pra me ajudar a aprender.
Com vocês, Artur Cavalcante:

em pólen

Ilustração: Leopoldo Wolf

E eu achando que não sentia,
vi uma nuvem de alegria
chover no meu jardim.
- dai, floresci

arte por toda parte

Para ler ouvindo Doce solidão

- Somos artistas, sacou? Em Buenos Aires, no Rio, em Brasília, Barcelona, Salvador, São Paulo, onde tem arte, tem essa galera reunida.

Na capital do Brasil a bola da vez é a poeta Marina Mara, bombando nas paradas de sucesso. Banheiros, tv, blogs, sites e mídias sociais. O trabalho dela além de estar sendo muito bem recebido, tem conseguido atingir um número cada vez maior de leitores. A bonitona já está até pensando em conquistar leitores internacionais. Outro dia publicou um verso nos classificados de um jornal argentino. Coisa bacana, vejam só:
Saibam mais sobre essa moça aqui, ali, e aculá.


E lá em São Paulo, lutando contra o próprio talento, temos a queridíssima artista plástica Adriana Leite. Começo agora uma campanha para que ela deixe essa coisa de boba de trabalhar sério em agência de publicidade, e venha compor oficialmente o nosso time de artistas.






Esse é o primeiro episódio de uma novela de posts sobre gente artista. Vamos começar a ACONTECER, pessoal.
- Coragem!
Talento a gente tem.

por ai

Para ler ouvindo Paisagem da janela


Foto: Liana Farias

O pouco de mim que deixei por ai, as vezes desperta uma certa vontade de voltar, por um minuto sequer, só pra pegar o que não deu pra trazer.

- Ou então, alguém coloca essa menina numa caixa e manda pra mim, por favor!

por aqui

Para ler ouvindo Cajú

É incrivel a diferença que um bom transporte público faz na vida de um transeunte. E olha que eu nem sei se o transporte daqui de Buenos Aires é tão bom assim. De todo jeito, nem se compara ao que temos no Brasil, especificamente em Brasília. Cruzes, que sacanagem o que fazem com a gente ai, sabia? Não da pra chegar em lugar nenhum, a não ser no seu trabalho, durante o horário de expediente. As linhas de ônibus funcionam ai como o serviço público, mal e porcamente. Que coisa chata, gente.

Por aqui é diferente. A gente vai e volta pra qualquer hora, de metrô, ônibus, táxi, a pé, de bicicleta, tem até trem pra gente chegar onde quiser. É ótimo. E bem baratinho.

- Já estou quase me acostumando com o frio. Ou pelo menos com o processo de tirar e colocar três camadas de roupa por dia. Três meias, duas luvas e por ai vai...

Uma coisa chata é que aqui eles não são muito chegados em suco. A Argentina é um país nem um pouco tropical. No mercado tem no máximo três ou quatro tipos de suco, e são sempre de naranja, manzana y durazno. Um deles é da Coca Cola, tipo Del Valle, esse até que da pra tomar.
De uva eles não fazem nem pensar. A uva só serve pra vinho, e de vez enquando se encontra um cacho ou outro nas mercearias.



Foto: Liana Farias

União estável

Agora que liberaram o casamento gay por aqui, eu resolvi casar com um amigo meu! O rapaz é um gentleman, uma bicha super refinada, carinhosa, cozinha que é uma beleza. A noite quando eu roubo o cobertor ele acorda tranquilo, sereno, e ajeita todo o edredon. Eu finjo que nem é comigo, passiva toda vida.

viva la unión de la bicharada

Foto: Artur Cavalcante

Ontem tive a oportunidade de particpar de um momento muito importante para a história da humanidade. O reconhecimento do casamento gay pelo governo argentino é um grande passo para que os direitos humanos venham a ser respeitados em todo o mundo.
Foi emocionante estar na Plaza del congreso, vibrando com toda aquela galera cheia de vontade de ser feliz!

Viva a compreensão. A alegria. E o amor!

- Ahora, si quieren casarse, vengan aquí.

minha primeira vez

Foto: Artur Cavalcante


Esta fazendo um frio louco aqui em Buenos Aires (uma média de 3• a 10•). Daqueles que só da pra aguentar com olhos descobertos, sabe?
Bien, várias camadas de roupas uma em cima da outra, e tome vento na rua.

Logo de cara o que chama atenção é a quantidade de mierda de perro nas ruas. Tem que andar olhando pro chão. O Cristovam Buarque sabia o que estava fazendo quando oficializou, em Brasília, a leia que obriga o dono a recolher la mierda.

Outra coisa importante é o alerta sobre os roubos! Antes de viajar recebi alguns emails sobre furtos aqui em Buenos Aires, e só no primeiro dia já presenciei um assalto super cara de pau dentro do metrô. Um velho abusado jogou o chaveiro no em cima de um senhor que estava sentado, e quando se abaixou pra pegar, aproveitou pra meter a mão no bolso do cara, pegou a carteira e saiu do vagão. E ficamos lá, um passageiro olhando pra cara do outro, com cara de zebra.
O detalhe é que o cara jogou as chaves bem no meio, entre mim e o tal senhor que teve a carteira roubada. A coisa toda rolou do meu lado.

Mas tá tudo bem. O que eu quero mesmo é comer várias media lunas. E gente, vocês não sabem da maior: aqui na Argetina ainda vende 7up, tem até garrafa de dois litros. Que delícia!

acontece que,

escrevi uma monografia casca grossa, sobre um homem incrível, chamado Caio Fernando Abreu, e ele é desses que sempre dá o que falar, sabe?
vendi várias cópias a 5$. e me mudei pra argentina ontem a tarde.

cheguei agora pouco.
e se noutro lugar fizer tanto frio assim, pelo amor de Deus, tem alguma coisa muito errada com o nosso Planeta, não é possível, gente. é um frio de lascar a alma. ave cruz!

mas, então: eu vim pra fazer um curso de espanhol na UBA (Universidade de Buenos Aires). e acho que vou aproveitar o preço do Pe$o e fazer uns outros cursos de extensão. tipo fotografia, direção de arte, roteiro, culinária, tango, yoga, sei lá...! ainda não sei direito quais são todas as possibilidades. e são MUITAS.
são tanta quantas não da nem pra contar.

e agora?
- um, do, lá, si e: já!

Burocracia

Algumas vezes vi amigos meus rodando a cidade atrás de: embaixadas, cartórios, universidades; carregando papéis carimbados, pastas, clipes, envelopes; fazendo exames, testes, provas, entrevistas. Vistos e tudo mais.
Agora sou eu correndo atrás de um bando de papelada e autenticação, para ser bem recebida como estrangeira pelos hermanos argentinos.

Aos poucos Brasília deixa de ser avião e se torna um luminoso aeroporto, de onde começo a decolar.

Ilustração: Leopoldo Wolf

Um dia aprendi a jogar fora tudo aquilo que não me serve mais.
Dar para alguém, sei lá.
Uma forma de carregar menos peso, nas costas e bolsos.

As lembranças guardo na memória, no coração.
Como histórias.

Parte 2

Ilustração: Leopoldo Wolf

Não. É um pouco incomodo mas não chega a doer. É frio e vazio. Não chega a ser tristeza, sabe? Tem mais haver com leveza. Um vazio que deixa leve.
Sinto como se tivesse flutuando em cima desse buraco aqui no chão